Vem cá, me conta bem de pertinho, como está o seu home office? Por aqui, sigo tentando me ajustar, conciliando casa, faxina, comida, filhos, marido, trabalho...O quarto do filho virou escritório para todos. De manhã, ele assiste aula. Se alguma audiência ocorre no mesmo horário da aula, fico no quarto fazendo audiência. Se o marido tem também audiência ou reunião, vai para a sala. Duas vezes por semana, a outra filha tem aula de inglês. Mas também tem a aula dela de alongamento e precisa tanto da internet, quanto de espaço. E ficamos assim, nos dividindo entre todas as tarefas.

Hoje, especialmente, estou me sentindo esgotada. Queria entrar nesse quarto, fechar a porta e esquecer a vontade/necessidade de lavar o chão da cozinha. Queria que o filho sentasse para fazer a atividade de forma bem responsável e madura no alto dos seus 9 anos e não me chamasse nenhuma vez. Mas, por quê??? Simplesmente, porque, em meio a uma Pandemia, que não sabemos quando ou se termina, todas as nossas obrigações continuam. Tenho contas para pagar, tenho uma casa para cuidar, tenho responsabilidade.

Mas, sobretudo, quero cuidar de mim. Quero arrumar meu cabelo, fazer a sobrancelha, fazer as unhas. Quero ver minhas amigas, sentar pra bater papo e esquecer tudo isso. Sei que sou geralmente otimista e de alto astral. Mas tenho meus momentos de insegurança, raiva, stress. Hoje tudo o que eu queria era não me sentir sobrecarregada.

E então, lembrei de todas as outras mulheres que também se sentem assim ou até ficam mais exaustas. Mulheres que se dedicam a cuidar de outras pessoas, sejam seus familiares ou patrões. Mulheres que estão na linha de frente dessa guerra contra a Covid, afastadas de seus familiares, vêem pessoas morrendo e voltam para casa, querendo apenas suas camas, mas encontram uma pia de louças sujas. Mulheres que trabalham no mercado do sexo, que no início da Pandemia ficaram sem trabalho, pois quase ninguém estava nas ruas. Hoje, com certeza, já estão trabalhando novamente e além de todas as preocupações, não sabem se a pessoa que contrata o seu serviço pode estar contaminada. Além do medo da AIDS, doenças sexualmente transmissíveis, vem o medo dessa “gripe” assustadora. Mulheres que cozinham para outras pessoas e precisam se assegurar de que estão totalmente limpas e seguras para manipular um alimento. Mulheres professoras, que estão se adaptando ao ensino à distância.
Depois que pensei nisso tudo, até me acalmei um pouco. Sei que não sou a única. Ainda ontem eu havia dito que estava super calma e tranquila, pois saio para o meu outro trabalho e vejo pessoas, converso, dou risada. Mas hoje foi meu dia de surtar. Pronto. Desabafei. Vai passar. Mais tarde tem live de uma colega para assistir e uma minha para fazer em parceria com outra colega. Depois, um vinho, um aconchego, uma música e amanhã estarei fortalecida novamente. Um dia de cada vez! Liane Cruz, 17/07/20

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